quinta-feira, 13 de agosto de 2009

{A sombra da solidão}

O novo texto do Ivan Martins caiu como uma luva! Meninas, espero que gostem porque eu amei e achei linda a percepção do autor! Segue alguns trechos ;)

A sombra da solidão
Está nas livrarias, em uma linda edição de capa azul com formato de envelope, o livro Carta a D., do filósofo francês André Gorz. O primeiro parágrafo diz mais ou menos assim: você está com oitenta e tantos anos, pesa 45 quilos, tem 4 centímetros a menos do que tinha quando eu a conheci e eu ainda amo você desesperadamente.

Li essas linhas de pé na livraria e fiquei instantaneamente comovido. Quem não ficaria?

Nossos amores não duram, nossos romances se sucedem, as rupturas nos atordoam e machucam, mas se repetem, inexoravelmente. Habitamos um mundo de ansiedade e busca permanentes, interrompidas de quando em vez por pequenas tréguas reparadoras, mas breves.

Depois de rirmos do casamento vitalício de nossos pais e avós, parecemos condenados a sofrer do mal inverso: a sombra da solidão constante, a intranquilidade como regra, a incapacidade de manter relações duradouras.

Por quê?

Em primeiro lugar, porque esperamos demais da vida, sobretudo das relações afetivas.

Queremos tudo. O prazer, o amor, a troca inteligente e os planos de longo prazo. Queremos a segurança e a sensação de aventura no mesmo pacote. O melhor sexo e mais resoluta fidelidade. Suspeito que desaprendemos a arte de viver com menos do que se deseja. Esquecemos como é esperar e suportar. É tudo agora. É tudo ou nada. E tem sido nada para muitos.

Quando se trata de amor, nossa satisfação vem antes de qualquer outra coisa: a família, os filhos, os sentimentos daqueles que se envolvem conosco. O direito à felicidade se impõe sobre tudo mais. Ele é talvez o principal objetivo da maior parte da humanidade: ser feliz. Mas quem sabe o que isso significa nos dias que correm?

Ontem falei com uma ex-namorada que ama um homem casado. Há dois anos se relaciona com ele, entre crises terríveis de raiva e vergonha de si mesmo. Ontem ela me disse que acabou. A ver.

O que fazer com essa multidão sem par?

Eu não sei. Minha analista não sabe. Os meus amigos não fazem ideia. Não dá pra fechar a caixa de pandora das nossas aspirações, mas não podemos ser sufocadas por elas.

Eu sugiro tentar e tentar e tentar ainda outra vez. Sobretudo, tentar fazer diferente: com outro tipo de pessoa, com outro tipo de abordagem, com mais paciência, com menos pressa, com mais atenção no outro (que é sempre um exercício delicioso).

Não é possível que neste mundo imenso não haja alguém que complemente (ainda que temporariamente) cada um de nós, bípedes afetuosos e (potencialmente) felizes.

Para ler na íntegra, clique aqui!

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